Uma espécie de Easy Rider versão 1975

Bucha para início de conversa: Imaginemos que o Peter Fonda se chama Hélder Rosário Dias e que o Dennis Hopper se chama António Gomes. Imaginemos que falamos de Harley–Davidson e não de Yamaha e que a malta dos “refrigerantes” eram os dois primeiros e não o Jack Nicholson. 

Like a true nature child
We were born
Born to be wild
We can climbed so high
I never wanna die
Born to be wild

Verão de 1975. 

Fim de tarde na BA3, Tancos, ponho a minha moto a trabalhar e arranco em direcção ao Entroncamento onde o Tó Gomes me esperava na sua Yamaha XS 650 para irmos beber uns “refrigerantes” antes de seguirmos para jantar num dos sítios habituais. 

Fui encontrar o Tó Gomes não só eufórico pelo efeito dos “refrigerantes” que já tinha bebido, mas por ter conseguido rolar a 200 km/h na sua moto, o que eu pus em dúvida. 

Proposta do Tó Gomes:

- Peniche, vamos à reta perto de Torres Novas para veres com os teus olhos o ponteiro marcar os 200 km/h. 

Montei á pendura e arrancámos a todo gás. Mesmo a descer a moto só chegou aos 190km/h e, posto isto, lá nos fizemos ao caminho para um bar em Torres Novas onde iriamos discutir o assunto. 

Rolávamos a uma velocidade de 140 km/h numa curva larga com areia e fomos ao tapete, parecíamos dois pneus a rolar pela estrada - conforme disse o individuo que nos veio socorrer e levar para o hospital. O Tó Gomes com a clavícula partida e o braço deslocado e eu sem mazelas de maior.

Chegados ao hospital o Tó Gomes começou a descompor todo o pessoal com um rol de asneirada, gritaria e risada e passado algum tempo veio um médico ter comigo questionar-me se tínhamos estado a beber. 

Não havia como negar a evidência e o Tó Gomes teve que aguentar as dores para lhe colocarem o braço e a clavícula no sítio sem lhe ser ministrado qualquer analgésico. 

Foi tudo hilariante, mas como sempre tudo acabou bem. 

No dia seguinte no hospital o Tó Gomes já era uma celebridade.

 

Hélder Rosário Dias

#Penduras
[0.004/2021] 

(título e buchas de Luis Tito)