A aventura ( IV )

Continuando (...)

E assim foi. No dia 4 de Janeiro de 1974, uma sexta-feira, a mancebagem apresentou-se de malas e bagagens na BA1, em Sintra, mais precisamente na Granja do Marquês.

Deu para tudo. Uma formatura ainda à civil para esclarecimento do que nos esperava, uma correria pelo almoxarifado (penso que era assim que se chamava) para levantar o fato de macaco de recruta e respectivo boné, as botas, a farda de saída, o bivaque e as divisas e outra pelo departamento onde se recebiam as toalhas de banho e os elementos para fazer as camas.

Depois, já com as camaratas e respectivos cacifos distribuídos, de fato de macaco vestido e botas calçadas, passou-se à feitura das camas para primeira revista, o que se mostrou tarefa difícil de satisfazer à primeira, a que se seguiram vozes e mais vozes de “ordem unida” para acabar à porta da barbearia onde nos esperava a primeira das muitas carecadas que se seguiriam nos próximos tempos. Foi um ver se te avias com a máquina zero.

Ao fim do dia, a formatura da mancebagem-recruta já fardada para sair, receberia o passaporte de licença por 31 dias, anteriormente preenchido por cada um de nós e agora assinado e carimbado, que nos devolvia pelo chamamento perfilado e pelo número de Base Aérea à sociedade para meditar sobre a nossa nova condição militar e nos remetia para os ajustes de alfaiate que adaptassem, na medida do possível, as fardas que nos haviam sido distribuídas.

Este dia foi o primeiro do estabelecimento dos laços de amizade e cumplicidade numa diversidade social e regional que nos era estranha e fazia nascer o curso P1/74 que, mais tarde, haveria de exibir no fato de voo o emblema dos Penduras.

(a continuar)
Luís Novaes Tito
#Penduras
[0.008/2017]

Comentários

Helder disse…
este voo no tempo através das palavras escritas é sublime
Miguel disse…
aí estou eu a renascer...
É interessante este relatar acompanhado de peças de arquivo. Há muitas coisas que já me escapam mas também não irei detalhar e só farei a cronologia até ao final da BA1. Depois as coisas passaram a ser diversas e deixo a cada um as suas próprias memórias.
Unknown disse…
Voltava outra vez!