A aventura ( VI )



Continuando (...)


Em meados de Fevereiro de 1974, entre os “está a encher” consecutivos da recruta, as primeiras visitas ao armeiro para levantar as Mauser de 7,9 mm que tínhamos de saber montar e desmontar e com as quais treinávamos na Ordem Unida o manobrar para continências e os outros preparos da praxe militar, e ainda os exercícios físicos mais as intermináveis marchas e corridas, empinávamos os procedimentos de voo que teríamos de papaguear de cor sempre que tal nos fosse exigido nas teóricas ministradas na sala de aulas da linha da frente ou à solicitação de um qualquer instrutor que por nós passasse.

As praxes nocturnas feitas pelos “senhores-alunos” (o gosto pelas casas de banho e chuveiros eram a sua marca indelével) e as partidas que fazíamos uns aos outros, intervalavam, a par com o cartear das horas de folga, com as marchas nocturnas da recruta que incluíam rastejar no riacho que separava o taxiway do edificado da BA1.

Entretanto, lá fora, os Beatles preparavam-se para formalizar a extinção oficial do grupo (na prática já concretizada em 1970) e os Rolling Stones lançavam o “it's only rock 'n' rol, but I like it



Nas camaratas dos alunos, os mais habilidosos desenhavam e propunham esboços do boné de curso e do respectivo emblema. O desacordo mantinha-se a cada votação para seleccionar o escolhido. No edifício lá de cima, nas camaratas dos cadetes, procedia-se de igual forma mas acabariam por eleger, entre eles, o emblema dos Penduras defendido pelo João Milheiro.

Funcionou a lógica de sindicato quando a votação foi realizada por todo o curso.

Os alunos apresentaram vários projectos e os cadetes apresentaram somente o que já haviam votado entre si. Os votos dos alunos, que eram muito mais do que os dos cadetes (o curso iniciou-se com 23 cadetes, 48 alunos e 1 MMA), repartiram-se pelas diversas propostas e os dos cadetes concentraram-se numa só o que veio a resultar na adopção do emblema dos Penduras desenhado pelo Milheiro.

Já não recordo quem desenhou o boné que era preto na pala e no centro e vermelho nos lados. A imagem não reproduz fidedignamente as cores do boné (as fotografias a cores, tal como muitas outras coisas ao fim de quarenta e tal anos, têm tendência a ficar esbatidas :) ). Inflelizmente não ficaram para arquivo os esboços e desenhos das diversas propostas.

Nota: a memória do Mário Frazão foi decisiva para este relato da adopção do emblema dos Penduras.

(a continuar)
Luís Novaes Tito
#Penduras
[0.010/2017]

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