Caro António
Digo “especialmente” porque
na Granja do Marquês, onde aprendemos a voar o Chip, o nosso contacto foi mais
espaçado, separado por camaratas e grupos de instrutores da linha da frente.
As memórias posteriores, que
tiveram o intervalo ditado pelos caminhos da vida que cada um de nós seguiu na
juventude - só esporadicamente entrecortado por casuais encontros - resultam
dos abraços, conversas e gargalhadas nos principais “toca a reunir” do P1/74 e em
contacto mais estreito quando me meti a construir a tua página pessoal no Site e mergulhaste no baú para enriquecer os conteúdos que por
lá foram publicados.
Mas regressemos à Ilha da Morte Lenta de há meio século, ao tempo das praxes e presépios, ao tempo da pesca do camarão miúdo no cais onde embarcávamos para Aveiro e de onde eramos atirados à Ria em noites de Lua Cheia (ou conforme as luas dos que para lá nos faziam saltar de botas), às mesas de lerpa em que o Vizeu nos rapava o pré no dia em que era pago, das praxes que depois fizemos, dos assaltos à messe dos cabos onde o Frazão meteu no bolso do fato de voo os pedaços de frango frito gamados pelo Amarante, o Teófilo, o Jójó, o Artur, o Grunho e o Hipnotizador (julgo não ter esquecido alguém) e a que se baldavam sempre o Bébé Chorão, o Rasgador de Santinhos e o Toni porque eram os bem comportados da matilha e o Cabo e o Solho, que faziam de conta nada ser com eles.
Regressemos ao refeitório da
nossa messe, onde o prato do dia era raia frita, e ao nosso bar onde as Três
Marias, bem geladas, escorregavam como água para acalmar o picante em que
fritávamos os camarões pescados no cais e os frangos rapinados ao Ventosga.
Regressemos a tantas e tantas
histórias, algumas que recordamos, mas não podemos contar, e juntemos-lhes
todas as outras que nos últimos encontros na BA5 e na BA7 foste recordando,
mas das quais só ficou registo no Site da de quando escoltaste o Nordatlas que transportou a cosmonauta Valentina Terehkova.
E com todos estes regressos pretendo que saias desse sono em que entraste porque me deves o relato do que te levou a seres um dos três Falcões do nosso curso, história que pretendo acrescentar ao nosso livro digital de memórias, mas nunca foi feito. Esteve quase a ser feito no último mês de Novembro, mas o Peniche fez o número do Aviador e depois passou.
Tá de pé, pá! Falta pagares essa dívida.
#Penduras
[0.007/2022]
Comentários