Um RIP especial para ti, Carneiro
Hoje, ontem, fui assistir à cerimónia de envio para
reciclagem do aparelho que o nosso camarada piloto Carneiro (P1/74) pilotava
nesta sua missão no planeta Terra e, que, por avaria inopinada e catastrófica o
impediu de, aparentemente, completar essa missão como ele e os seus
companheiros tinham planeado.
O piloto já regressou à Base, encontrando-se bem, melhor que
nunca.
Já deve ter feito, com ajuda de pilotos mais experientes, o briefing
da missão - consideradas pesadas por todos - e irá efectuar uns voos
interdimensionais para recuperação de energia e estado de espírito (sem
aparelho). Em breve, estará pronto para escolher novo aparelho, nova zona de
trabalho e planear nova missão.
Estas missões são pesadas porque no processo de “type rating”
de cada novo aparelho perdem-se, quase na totalidade, as comunicações com a base
e por isso o planeado tem que ser feito de memória. Mas esta é perturbada pela
interferência da bios dos computadores dos aparelhos, equipados com memória e
inteligência artificial, dificultando a execução da missão e originando
sofrimento, tristeza, sobretudo quando um aparelho avaria, parcial ou
totalmente.
Em minha opinião deveríamos estudar mais o funcionamento, o
planeamento e o modo de execução destas missões a que chamamos vida - e morte -
e talvez o encarar destes dois aspectos fosse feito de maneira mais positiva,
mais alegre, mais feliz.
Peço-vos desculpa pela ousadia de ter feito esta meditação
escrita originada no ambiente sentido na cerimónia fúnebre do Carneiro - e
igual a tantas outras - e a ter colocada neste fórum, mas pode ser que alguém
fique a pensar na analogia que eu encontro entre uma missão de voo e uma
experiência de vida e morte.
Vou ver se durmo, bom descanso para todos e um RIP especial
para ti, Carneiro.
A. Jacinto (P3/73 – Krakes)
#Penduras
[0.010/2022]
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